Sempre fui a favor do novo, do desconhecido que bate à porta querendo ser desvendado. Fato. Não por acaso cheguei (ou voltei) à religião da Grande Mãe - já que esta, naquele tempo, parecia ser realmente um livro com páginas brancas, clamando por letras, números e desenhos novos.
Sempre fui adepta da liberdade - e agradeço a uma professora de Língua Portuguesa (hoje amiga) que em 1996 me insinou sobre a diferença entre este termo com um outro muito parecido: libertinagem.
Doze anos se passaram desde minha primeira pegada dentro de um grupo de Bruxas. Neste pequeno tempo aprendi muito (e ainda pouco) sobre o valor das emoções, dos gestos e principalmente das palavras. Questionadora e observadora que sou, logo tomei a compreensão de que é, sim, preciso pesquisar e ir a fundo nos conceitos para poder interiorizá-los plenamente - mas, principalmente, compreendi com exatidão os canions que se formam ao redor daqueles que se aproveitam da inocência alheia para levantar seu pedestal de falsa sabedoria.
De tempos para cá tenho visto e ouvido coisas em relação à Bruxaria que, honestamente, me deixam perplexa.
Existe algo, que chamo de "miscigenação de crenças", que hoje é muito comum na sociedade que trabalha com espiritualidade. Contudo, tanto o novo quanto a liberdade estão tomando rumos cada vez mais controversos e divergentes (cabe a redundância).
Historicamente, Bruxos sempre foram pessoas que buscaram o conhecimento (fossem os mais humildes, fossem os mais abastados). Conhecimento é tudo, afinal! Portanto, conhecer outras crenças faz parte do caminho. Aprender é um dos grandes verbos pagãos. Mas há que se aprender também sobre limites. Estes estão mesmo se perdendo à cada dia numa velocidade incrível. Talvez a tão esperada Nova Era seja a culpada, já que muitos esperam uma revolução como nunca antes foi visto! Revolução ou rebelião?!
O politeísmo volta a tomar forma nos tempos atuais, em pleno e pulsante século XXI. A consciência cósmica volta ao ser humano a passos largos. Mas também a necessidade pequena e mesquinha que toma alguns egos desavisados - de precisarem erguer seus lugares sobre montes ilusórios de sabedoria ancestral.
Acredite e usufrua das mensagens daqueles que melhor se encaixarem em sua caminhada - sejam Deuses, Orixás, Mestres Ascensos ou Santos. O espírito fala e compreende muitas línguas, e não serei eu a limitar o que dá as respostas de que você precisa. Porém, cada um ao seu tempo e em seu lugar! Não aceito "saladas místicas" em nome da minha religião! Sim, minha; porque a tenho em matéria, espírito, mente e emoção!
Acredito que estamos vivendo um tempo de ouro - onde cada vez mais as pessoas acordam com a necessidade de buscar suas origens matrifocais; de redescobrirem-se filhas dos grandes Deuses. Frente a isto, não podemos nos perder no caminho novamente - erros diferentes baseados na mesma essência: soberba e necessidade de brilho instantâneo. Ou será tolice pura e simplesmente?! Fica a questão.
Bruxaria é religião de Bruxos, não de universalistas ou qualquer outro termo que o valha. Bruxaria é religião de multicores e multifaces; não de palhetas isoladas que brilham mais ou menos do que as outras, tão pouco de faces solitárias que mesclam-se às suas máscaras na escuridão. Bruxaria é religião de troca, de experimentos, de estudo, de força mental. Bruxaria é religião de toque e essência, de visão e audição, de sensações íntimas e manifestações físicas.
A Arte ressurge como "o novo" (o diferente), trazendo ideais de "liberdade religiosa". Ótimo! Contudo, vê-se por aí erguerem-se pilares distorcidos; transformando o novo no velho caos, e a liberdade em libertinagem religiosa - pois há que se lembrar que a tal libertinagem não se prega apenas à falta de moral, mas também à falta de fundamentos. Lembrando que em antigos tempos este era o termo utilizado para designar "incredulidade religiosa". Parece estar bem colocada neste contexto, não?! Onde, para mim, a grande mistura de crenças numa mesma panela parece mais a falta absoluta de uma realmente sólida.
Estamos às portas de mais um Equinócio de Primavera. E em um momento em que tanto se fala sobre consciência... Fica a pergunta: o que exatamente estamos plantando neste caminho para os que virão depois de nós?
Abençoados sejam pelo antigo espírito de Ostara!
Honda
(Voltando a escrever... Atormentando ou não, aqui estou!)
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