VIVENDO E APRENDENDO

Há meses, todos os dias, ao sair para o trabalho no início da manhã, me deparo com a mesma cena: um cãozinho muito gracioso do lado de fora do portão da casa onde mora.

Por que ele está do lado de fora? - me perguntei muitas vezes até descobrir.

Todos os dias, minutos antes de eu chegar na parada de ônibus, o dono da casa sai para trabalhar, e um ritual se cumpre:

O homem abre o portão. O cachorro sai do pátio. O homem liga o carro. O cachorro pára no portão. O homem tira o carro. O cachorro o espia querendo ir junto. O homem vai embora. O portão (eletrônico) se fecha. O cachorro fica na rua.

Ali, na rua, vendo sua casa e não podendo entrar, o cãozinho fica durante um tempo que ainda não pude contemplar. Fico apenas desejando que sua dona não demore muito tempo para levantar e resgatar seu amigo.

Late. Chora. Deita. Levanta. Caminha. Late. Chora.

Como tudo na vida aparece em nossas vidas para nos ensinar algo, aprendi muito com o dito cão neste longo tempo em que nos encontramos na rua...

"Mesmo que uma situação lhe pareça agradável e amistosa, em ela se apresentando rude e drástica, lhe trazendo desconforto e dor, trate de mudar os hábitos que o levam a ela."

O cãozinho quer fazer companhia para o dono (o que traria alegria a ambos, imagino). Porém, sua atitude faz com que sofra durante um bom tempo até que o "socorro" venha.

"Às vezes, não devemos esperar por socorro, sabendo que ele virá mais cedo ou mais tarde. Talvez o que devamos fazer é não correr riscos desnecessários. Riscos que bem sabemos onde nos levarão."

Os Antigos mostraram isso a mim num período em que realmente estava precisando.

E o cãozinho continua por lá...