É impressionante e alarmante a quantidade de pessoas que não sabem lidar com o poder que tem nas mãos. Obviamente, aplica-se a todas as camadas da sociedade, sem excessão de raça, partido político ou crença.
Vejo nas pessoas com quem convivo e interajo, sempre ou esporadicamente, três situações distintas:
1. Há aquelas que sabem lidar muito bem com o conhecimento adquirido.
2. Há aquelas que que não fazem a mínima idéia do que é conhecimento e muito menos poder.
3. Há aquelas que têm consciência de seu conhecimento, mas o transformam em um defeito.
As primeiras enquadram-se na categoria das pessoas que ao longo do tempo - sabendo-se que a definição de tempo é muito relativa - adquirem informações preciosas sobre determinadas áreas, mas não se deixam enganar pela leviandade da face escura do poder. Encaram como merecimento e reconhecimento tudo o que sabem e, ainda assim, conseguem passar seus aprendizados, sejam bons ou ruins, para frente, pois entendem que a divisão é a mais sábia das lições.
Elas vivem e aprendem, absorvendo mais um conhecimento original - somos eternos aprendizes, pois o mundo gira e as coisas mudam... Estas, sim!, têm o poder do aprendizado em seus íntimos. Poder é algo que nos é dado quando somos peritos em algum setor. Temos o poder da informação. Temos o poder de ajudar quem ainda não chegou lá.
O pessoal da segunda categoria parece que vive, literalmente, na Lua - encarando, aqui, como uma viagem mental... Não venham dizer que estou "difamando" a Lua, como já ouvi algumas vezes. Francamente! Estas têm conhecimentos, às vezes, além do que o necessário para executar bem suas funções, mas não fazem a mínima idéia de seus papéis perante o grande grupo que são as pessoas que as cercam.
Quando nos aprofundamos em um determinado assunto, acabamos obtendo inúmeras informações importantíssimas acerca dele, dando ao "portador" a chave-mestra para quaisquer questões relevantes. Sinceramente, ainda não consegui decifrar muito bem este segundo grupo - ainda não compreendi se agem assim por ingenuidade ou por má fé... Um dia descubro e volto aqui para contar.
Quanto ao terceiro grupo... Bem, este é bem conhecido de muitos que lerão este artigo. São aqueles que trazem Merlim dentro do estômago - perdoem a quase grosseria, mas é bem assim mesmo. São pessoas, em sua maioria, cultas e bem apessoadas. Pessoas realmente peritas em algum (ns) setor (es), mas...
O grande e horroroso problema destas é que transformam o conhecimento adquirido numa capa de aço onde ninguém consegue penetrar. As informações que deveriam trazer-lhes paz de espírito, pois alcançaram uma meta, acabam transformando-as em poços de tirania e soberba, já que "ninguém sabe tanto quanto elas" e quem quiser chegar um pouquinho, bem pouquinho!, perto terá que sentir o sabor amargo e podre do "salto alto" - "Eu sei! Você?! Você é um pobre coitado que depende de mim... Porque EU sei!".
Pobres são estas que não assimilaram a grande charada da vida: compartilhar. Isso mesmo! Compartilhar, meus caros. Me pergunto o que ganha, realmente, uma pessoa que crê que seu conhecimento a torna mais linda e cheirosa do que os demais. Me pergunto o que ganha este ser que humilha seus semelhantes na tentativa frustradíssima de mostrar-se superior.
É lamentável ver que mesmo estes aculturados não alcançam a sabedoria. Pensam eles que já alcançaram-na, mas é outra ilusão da soberba, pois conhecimento a todos é facilitado. Contudo, sabedoria só obtém aquele que a busca com paciência, disciplina e respeito, tanto por si mesmo quanto pelos outros que estão à volta.
Quantos professores vemos por aí que sabem tanto sobre sua ciência, mas não conseguem dar uma aula decente?! É o princípio do "se eu ensinar tudo o que sei serão melhores do que eu". Respeitem minha inteligência!!! Acredito que devamos passar tudo o que for possível para que todos tenham a possibilidade de chegar ao topo. Ser melhor ou pior não dependerá do mestre, mas do discípulo - será melhor aquele que compreender e aplicar não só o conhecimento, mas o compartilhamento dele.
Na linguagem popular, chamamos de "rei na barriga". Sim. "Eu trago um glorioso e estimado rei dentro de mim. Portanto, sou o máximo!". Pois mais uma vez enganam-se. Reis, em sua maioria, não o são por detrimento de outros, mas porque atingem um grau de sabedoria que anima o povo. Será o Rei o superior por seu cargo, mas jamais por seu ego. O ego trai aqueles que o adoram em demasia. O ego, quando sarturado, explode e quem está com ele explode junto.
Umbigocentrismo... É justamente isto: a sabedoria que falta a muitos para perceberem que por mais que saibam algo, estudem e pratiquem, não são o centro do Universo. Continuarão sendo uma microscópica parte do todo. Para que nos tornemos uma fatia um pouco mais generosa devemos aprender com os ensinamentos e não usá-los como arma.
É você quem decide...
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"O grande segredo para a plenitude é muito simples: compartilhar"
Sócrates
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